domingo, 25 de março de 2007

Honra

O teu toque desperta-me
E aconchega-me ao deitar.
Faz-me sofrer, faz-me rir.
Faz-me sobretudo calar.

E falo de ti só a mim
E os outros nada sabem
Porque és minha e rainha
Das alegrias que nascem.

De ti brotou o perdão,
Secreto no punho escondido,
Liberto-o abrindo a mão,
Matando o ódio temido.

E por ti as falhas se esbatem
No pano da salvação.
Por ti os justos crescem
No seio da podridão.

domingo, 18 de março de 2007

Crisalina Maria

Sonhava ser cantora. Cantava, saltava e desafinava montes fora. Tentava dançar, fazia coreografias com as árvores. Sonhava ser grande, mesmo grande. Esgotar coliseus e estádios era o seu futuro. Isso e morar num casarão numa cidade, em Beja ou Lisboa. Ia ser uma estrela como a Ágata ou a Ana Malhoa. Crescia feliz. Era de facto um prodígio, a pequena, a única da sua aldeia. Linda de morrer, dentes salteados, nariz abatatado e toda cagada. Um encanto e o orgulho dos pais. Era uma miúda da terceira classe com apenas 14 anos. Destacava-se na escola, era a maior, a mais feia, a mais burra. Era super-mais, mais tudo: mais pobre, mais ignorante, mais feliz. Os seus bons resultados na escola era conseguidos com pouco esforço pois tinha que perder o seu tempo a ensaiar arvores, arbustos e pedras enquanto guardava as cabras do pai. Lá em casa era tudo normal. O pai desdentado, com uma verruga de 4 cm pendurada do nariz dizia que a escola não servia para nada, a mãe gorda e porca acenava afirmativamente enquanto o jantar era cozinhado na lareira da cozinha. Da cozinha, da sala, dos quartos e da casa de banho. Morava num "Studio", sem paredes, toda a casa era a mesma divisão.
Crisalina Maria era o lindo nome da rapariga. Vivia no meio do mato a 10 quilómetros da escola. Ia de bicicleta para lá. Era de facto curioso verificar que tinha poucos amigos. Os miudinhos tinham medo duma mastronça de metro e meio, com cerca de 70 quilos e um cheiro a coisas podres a emanar-lhe da pele e da boca. Quando sorria mostrava a boca desdentada e assustava ainda mais os pequenos anjinhos.
Mas ia ser cantora, uma das grandes, uma popstar, um sex symbol. Estava pronta para vender cds, para encantar multidões, para ser feliz. E sonhava a Crisalina. E ai de que a trouxesse à realidade, ai de quem dissesse que nunca seria capaz... A pequena defendia o seu sonho com unhas e dentes, arrasando quem o tentasse destruir. E compreendia-se, era a única coisa que lhe trazia felicidade, era o pedaço positivo da sua vida, esse sonho...

terça-feira, 6 de março de 2007

tempo de férias

pausa... uma pausa na escrita... estamos fechados às canetas e aos papéis... é tempo de recuperar dos exames e VIVER!! de uma forma estranha... LOLOL voltamos em breve!!! Agradexemos desde já a vossa compreensão... mas é urgente VIVER!!