domingo, 7 de outubro de 2007

solidão..

Sinto-me só.. perdida num mundo só meu: o da escrita.. sinto me só, e por entre algumas palavras soltas, procuro uma companhia que não me incomoda, não me julga, mas também não me escuta.. gritos mudos tentam abafar esta solidão, mas o que me resta, é o vazio destas 4 paredes, este aroma a baunilha e café, as fotos espalhadas por todo o lado. fiz questão de colocar uma em cada recanto, para k a recordação de uma multidão me confortasse nas noites em que a dor de estar só me aperta, me empurra para a cama,o meu refugio... procuro de novo as palavras, algo k me ajude a não vacilar.. Sim, vacilo muito entre a vida e morte, entre o permabecer acordada e o adormecer forçado. vacilo entre o Mimar-me e o Magoar-me.. não, não sou do tipo de me suicidar, ou de cortar os pulsos.. não.. é uma morte suprema.. da alma e do coraçao.. hje, acho que me apetecia matar os sentimentos... mas (maldito mas...)hje tou sem coragem.. sinto uma necessidade que me empurra para as ruas..ta frio.. (não que estejam temperaturas baixas.. tá frio dentro de mim..) mesmo assim preciso de ver sorrisos rasgados, olhares perdidos, pessoas, preciso de sentir o calor de gente! gente!!! ta muita gente nos cafes, ouvem se as conversas que tropeçam em sorrisos, algumas cotoveladas de aviso, alguns olhares mais intimistas... levo cmg a minha solidao, com uma vaga esperança que esta queira me abandonar e seguir outro caminho..talvz me siga, mas esta noite, fria, em que me sinto só, vou percorrer o caminho que não me adormece, não esta noite! vou estar d vigilia, para quando esta solidão se despedir de mim...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Eu...

Inocente, quieta e longe tocou-me. Pela frase e pelo gesto, menos pelo amor e sentimento. Toco-me pelo objectivo, experiencialismo puro, humanista. Tocou-me pelo que ouvi, ou jurei ouvir. O concreto já foge e, como bola de neve, transforma-se em fantasia. E rebenta quando estoira contra mim. Esse ser subjectivo que de nada serve ouvir, ver ou tocar. É irreal e não existe. Talvez por isso ainda haja ainda alguém que dele goste, porque não o vê nem o sente ou ouve, só o sonha. Do sonho depende a minha existência. Vivo em retalhos de imaginação, sofrendo pelo que não sou...

terça-feira, 10 de abril de 2007

Sem Abrigo

Todos os dias passava naquela mesma rua a caminho do escritório. Todos os dias sentia pena da pequena garota, uma mendiga. Pobre e rota, caminhava pela rua pedindo esmola a qum passava. Quase todos passavam ao lado, ignorando-a, fingindo que nem a ouviam. A pobre rapariga baixava a cabeça, humildemente, pedindo a apenas uns trocos ou comida. Sempre que passava por ela fazia questão de a olhar e cumprimentar, oferencendo-lhe cinquenta cêntimos. Ela, terna, agradecia. era querida, a pequena. E mesmo assim não era assim tão pequena. Tinha já por volta dos seus 12 anos quando a vi pela primeira vez. Abandonada pelos pais nesta cidade, perdida no interior, rodeada de esterco psicológico e social. A segurança Social podia-a ter ajudado mas tinha pouco dinheiro e ela nem BI tinha. Vagueava à espera duma resposta do estado. Estava à espera duma casa dizia ela, ou só de um quartinho... Eu ternamente sorria e afirmava que não devia tardar muito. Entretanto não sabia onde ela morava, nunca tive coragem de lhe perguntar. A minha mãe sempre me dissera que não devia dar confiança a mendigos, dizia que se aproveitavam de nós, mas a rapariga sempre me pareceu tão honesta que raramente repensei a minha aproximação. Falavamos um pouco, 50 segundos todos os dias, a caminho do emprego. Eu levava-lhe um pãoque ela ia devorando enquanto descia a rua. Então dizia-lhe que um dia ia estudar e viajar. Prometia-lhe aquilo que eu pensava que qualquer ser humano tinha direito a ter. Depois despedia-me, dando-lhe um aperto de mão e 50 centimos pró almoço. Fazia assim o que eu achava certo. E quem dera que toda a gente lhe desse tanto como eu dava, não passaria decerto fome. Mas passava, fome e frio... Foi em Outubro que a vi pela primeira vez.
Passaram-se dois meses e as ruas outrora quase desertas encheram-se de pessoas com paz no coração e muita vontade de fazer os outros felizes. Apesar de tudo o cinto adava apertado e sobrava pouco dinheiro para a caridade, a prioridade eram as prendas. Mas lá conseguiu juntar dinheiro para um cobertor. Passeava agora agarrada a ele, quentinha e quase feliz. Eu elogiei-a dizendo que lhe ficava bm, em tom de brincadeira. Ele assentiu e mais uma vez não me repreendeu a brincadeira de mau gosto. Todos os dias aprendia imenso com ela, aprendia o que era a humildade. Era-lhe grato.
Era Natal, não podia deixar de lhe dar uma prenda. A pobre criança merecia-a e eu queria faze-la sorrir. Comprei-lhe uma boneca. Era linda. Ao rasgar o embrulho as lágrimas escorreram à pequena e pela primeira vez araçou-me. Tive que me esforçar para sorrir e não chorar. Desejei-lhe um Bom Natal. Ela disse que já estava a ser.
Fui para casa, para casa dos meus pais, fora da cidade. A consoada tinha que ser em família. Abandonei a miúda por uns dias. E relaxei, gozei a paz da comunhão em família, rimo-nos à lareira, contámos histórias. Mas nunca falei da rapariguinha. Voltei dia 27, gordo e lento, carregado de tupperwares e caixas de comida. E voltei ao trabalho.
Estranhei não a encontrar ao descer a rua. Mas segui sempre o meu caminho. Ao chegar ao escritório sentei-me à secretária, mas assustei-me: a pilha de projectos era tão grande que mal via o ecrã do computador. Resolvi preparar uma estratégia, saí para pensar nisso, fui ao café. Ao entrar peguei no jornal e sentei-me. A pele perdeu a cor quando lia a primeira página: "Criança sem abrigo é violada e morre". As lágrimas escorreram, nervoso, levei o jornal e não paguei o café. A angústia era grande mas o sentimento e culpa superava-a. Chorava-a. Laguei tudo e fui a cemitério. A campa improvisada, com uma cruz de pau, não tinha flores. Era apenas um monte de terra, ladeado por palácios de mármore. Era ela, sempre discreta, sempre comigo, era a minha pequena amiga. Era ela... Chorei-a a manhã inteira e a tarde toda. Mas quando anoiteceu o coveiro levantou o meu corpo atónico e sacudindo-me a roupa disse: "Ninguém tão inocente deveria passar a derradeira fronteira". Eu concordei. "Certamente está num mundo melhor" murmurei. Ao chegar a casa senti raiva de mim, desta cidade, dos homens. Estava seco de lágrimas. Peguei então no jornal. Todos se desculpavam, moviam-se como palhaços num circo, passando a batata quente duns para os outros. Ninguém tinha culpa. A rapariga fora encontrada onde morava, numa pequena caixa de cartão junto ao castelo. No cobertor encontraram sangue dela, uma grande quantidade. A hemoragia foi causada pela pentração. O violador, esse anda fugido. Ninguém sabe ao certo que é, mas também ninguém quer saber. Ninguém quer justiça. No fundo todos estão contentes por serem menos interpelados na rua. Menos chatices, a miúda era até referenciada por uma série de assaltos. Parece que o povo já quase decidiu que não foi crime. O maldito fez o que devia, acabou com parte duma praga da sociedade: os mendigos ladrões. Estúpidos, como odeio a natureza humana. Como odeio esta gente mesquinha que não é capaz de estender a mão, não é capaz de se sujar para ajudar, não quer ser incomodada. Odeio-os, tal como me odeio a mim. Podia ter-lhe oferecido uma casa, mas ofereci-lhe uma boneca. Podia ter-lhe perguntado onde vivia mas não quis ser importunado com a resposta. E sim sou responsável tanto como o violador, ou a senhora da segurança social, ou o estado, ou o mundo, ou tu. Sim sou culpado porque podia ter feito algo para salvar realmente alguém. Podia ter dado vida e fiquei apático.
Agora continuarei a vê-la, visitá-la-ei todos os dias e pedirei para que ela me salve. Vou ter com ela à única casa decente que já teve.

sábado, 7 de abril de 2007

Pensamento do dia

Ergui as mãos ao céu e gritei paz. O silêncio tomara conta da paz tal como a solidão tomara conta de mim. Seria então estúpido gritar por paz mas seria ainda mais estúpido gritar para alguém, comemorar com alguém. Na dúvida e arrependido sentei-me novamente. Deu-me vontade de gozar esta paz e gozei-a, bradei aos céus o quanto a amei e celebrei-a com os meus irmãos. Mas tudo isto ocorreu em silêncio, sentado na poltrona de sempre. Deste modo não a perdi, mas também não a conquistei. Possibilitei aos outros um pouco de descanço e uma certa paz (pelo menos relativamente a mim). Assim também me perdi, acreditando que a ausência era paz, e a verdade é que nunca mais me encontrarei, nem sequer à "verdadeira" paz...

domingo, 25 de março de 2007

Honra

O teu toque desperta-me
E aconchega-me ao deitar.
Faz-me sofrer, faz-me rir.
Faz-me sobretudo calar.

E falo de ti só a mim
E os outros nada sabem
Porque és minha e rainha
Das alegrias que nascem.

De ti brotou o perdão,
Secreto no punho escondido,
Liberto-o abrindo a mão,
Matando o ódio temido.

E por ti as falhas se esbatem
No pano da salvação.
Por ti os justos crescem
No seio da podridão.

domingo, 18 de março de 2007

Crisalina Maria

Sonhava ser cantora. Cantava, saltava e desafinava montes fora. Tentava dançar, fazia coreografias com as árvores. Sonhava ser grande, mesmo grande. Esgotar coliseus e estádios era o seu futuro. Isso e morar num casarão numa cidade, em Beja ou Lisboa. Ia ser uma estrela como a Ágata ou a Ana Malhoa. Crescia feliz. Era de facto um prodígio, a pequena, a única da sua aldeia. Linda de morrer, dentes salteados, nariz abatatado e toda cagada. Um encanto e o orgulho dos pais. Era uma miúda da terceira classe com apenas 14 anos. Destacava-se na escola, era a maior, a mais feia, a mais burra. Era super-mais, mais tudo: mais pobre, mais ignorante, mais feliz. Os seus bons resultados na escola era conseguidos com pouco esforço pois tinha que perder o seu tempo a ensaiar arvores, arbustos e pedras enquanto guardava as cabras do pai. Lá em casa era tudo normal. O pai desdentado, com uma verruga de 4 cm pendurada do nariz dizia que a escola não servia para nada, a mãe gorda e porca acenava afirmativamente enquanto o jantar era cozinhado na lareira da cozinha. Da cozinha, da sala, dos quartos e da casa de banho. Morava num "Studio", sem paredes, toda a casa era a mesma divisão.
Crisalina Maria era o lindo nome da rapariga. Vivia no meio do mato a 10 quilómetros da escola. Ia de bicicleta para lá. Era de facto curioso verificar que tinha poucos amigos. Os miudinhos tinham medo duma mastronça de metro e meio, com cerca de 70 quilos e um cheiro a coisas podres a emanar-lhe da pele e da boca. Quando sorria mostrava a boca desdentada e assustava ainda mais os pequenos anjinhos.
Mas ia ser cantora, uma das grandes, uma popstar, um sex symbol. Estava pronta para vender cds, para encantar multidões, para ser feliz. E sonhava a Crisalina. E ai de que a trouxesse à realidade, ai de quem dissesse que nunca seria capaz... A pequena defendia o seu sonho com unhas e dentes, arrasando quem o tentasse destruir. E compreendia-se, era a única coisa que lhe trazia felicidade, era o pedaço positivo da sua vida, esse sonho...

terça-feira, 6 de março de 2007

tempo de férias

pausa... uma pausa na escrita... estamos fechados às canetas e aos papéis... é tempo de recuperar dos exames e VIVER!! de uma forma estranha... LOLOL voltamos em breve!!! Agradexemos desde já a vossa compreensão... mas é urgente VIVER!!