domingo, 7 de outubro de 2007

solidão..

Sinto-me só.. perdida num mundo só meu: o da escrita.. sinto me só, e por entre algumas palavras soltas, procuro uma companhia que não me incomoda, não me julga, mas também não me escuta.. gritos mudos tentam abafar esta solidão, mas o que me resta, é o vazio destas 4 paredes, este aroma a baunilha e café, as fotos espalhadas por todo o lado. fiz questão de colocar uma em cada recanto, para k a recordação de uma multidão me confortasse nas noites em que a dor de estar só me aperta, me empurra para a cama,o meu refugio... procuro de novo as palavras, algo k me ajude a não vacilar.. Sim, vacilo muito entre a vida e morte, entre o permabecer acordada e o adormecer forçado. vacilo entre o Mimar-me e o Magoar-me.. não, não sou do tipo de me suicidar, ou de cortar os pulsos.. não.. é uma morte suprema.. da alma e do coraçao.. hje, acho que me apetecia matar os sentimentos... mas (maldito mas...)hje tou sem coragem.. sinto uma necessidade que me empurra para as ruas..ta frio.. (não que estejam temperaturas baixas.. tá frio dentro de mim..) mesmo assim preciso de ver sorrisos rasgados, olhares perdidos, pessoas, preciso de sentir o calor de gente! gente!!! ta muita gente nos cafes, ouvem se as conversas que tropeçam em sorrisos, algumas cotoveladas de aviso, alguns olhares mais intimistas... levo cmg a minha solidao, com uma vaga esperança que esta queira me abandonar e seguir outro caminho..talvz me siga, mas esta noite, fria, em que me sinto só, vou percorrer o caminho que não me adormece, não esta noite! vou estar d vigilia, para quando esta solidão se despedir de mim...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Eu...

Inocente, quieta e longe tocou-me. Pela frase e pelo gesto, menos pelo amor e sentimento. Toco-me pelo objectivo, experiencialismo puro, humanista. Tocou-me pelo que ouvi, ou jurei ouvir. O concreto já foge e, como bola de neve, transforma-se em fantasia. E rebenta quando estoira contra mim. Esse ser subjectivo que de nada serve ouvir, ver ou tocar. É irreal e não existe. Talvez por isso ainda haja ainda alguém que dele goste, porque não o vê nem o sente ou ouve, só o sonha. Do sonho depende a minha existência. Vivo em retalhos de imaginação, sofrendo pelo que não sou...

terça-feira, 10 de abril de 2007

Sem Abrigo

Todos os dias passava naquela mesma rua a caminho do escritório. Todos os dias sentia pena da pequena garota, uma mendiga. Pobre e rota, caminhava pela rua pedindo esmola a qum passava. Quase todos passavam ao lado, ignorando-a, fingindo que nem a ouviam. A pobre rapariga baixava a cabeça, humildemente, pedindo a apenas uns trocos ou comida. Sempre que passava por ela fazia questão de a olhar e cumprimentar, oferencendo-lhe cinquenta cêntimos. Ela, terna, agradecia. era querida, a pequena. E mesmo assim não era assim tão pequena. Tinha já por volta dos seus 12 anos quando a vi pela primeira vez. Abandonada pelos pais nesta cidade, perdida no interior, rodeada de esterco psicológico e social. A segurança Social podia-a ter ajudado mas tinha pouco dinheiro e ela nem BI tinha. Vagueava à espera duma resposta do estado. Estava à espera duma casa dizia ela, ou só de um quartinho... Eu ternamente sorria e afirmava que não devia tardar muito. Entretanto não sabia onde ela morava, nunca tive coragem de lhe perguntar. A minha mãe sempre me dissera que não devia dar confiança a mendigos, dizia que se aproveitavam de nós, mas a rapariga sempre me pareceu tão honesta que raramente repensei a minha aproximação. Falavamos um pouco, 50 segundos todos os dias, a caminho do emprego. Eu levava-lhe um pãoque ela ia devorando enquanto descia a rua. Então dizia-lhe que um dia ia estudar e viajar. Prometia-lhe aquilo que eu pensava que qualquer ser humano tinha direito a ter. Depois despedia-me, dando-lhe um aperto de mão e 50 centimos pró almoço. Fazia assim o que eu achava certo. E quem dera que toda a gente lhe desse tanto como eu dava, não passaria decerto fome. Mas passava, fome e frio... Foi em Outubro que a vi pela primeira vez.
Passaram-se dois meses e as ruas outrora quase desertas encheram-se de pessoas com paz no coração e muita vontade de fazer os outros felizes. Apesar de tudo o cinto adava apertado e sobrava pouco dinheiro para a caridade, a prioridade eram as prendas. Mas lá conseguiu juntar dinheiro para um cobertor. Passeava agora agarrada a ele, quentinha e quase feliz. Eu elogiei-a dizendo que lhe ficava bm, em tom de brincadeira. Ele assentiu e mais uma vez não me repreendeu a brincadeira de mau gosto. Todos os dias aprendia imenso com ela, aprendia o que era a humildade. Era-lhe grato.
Era Natal, não podia deixar de lhe dar uma prenda. A pobre criança merecia-a e eu queria faze-la sorrir. Comprei-lhe uma boneca. Era linda. Ao rasgar o embrulho as lágrimas escorreram à pequena e pela primeira vez araçou-me. Tive que me esforçar para sorrir e não chorar. Desejei-lhe um Bom Natal. Ela disse que já estava a ser.
Fui para casa, para casa dos meus pais, fora da cidade. A consoada tinha que ser em família. Abandonei a miúda por uns dias. E relaxei, gozei a paz da comunhão em família, rimo-nos à lareira, contámos histórias. Mas nunca falei da rapariguinha. Voltei dia 27, gordo e lento, carregado de tupperwares e caixas de comida. E voltei ao trabalho.
Estranhei não a encontrar ao descer a rua. Mas segui sempre o meu caminho. Ao chegar ao escritório sentei-me à secretária, mas assustei-me: a pilha de projectos era tão grande que mal via o ecrã do computador. Resolvi preparar uma estratégia, saí para pensar nisso, fui ao café. Ao entrar peguei no jornal e sentei-me. A pele perdeu a cor quando lia a primeira página: "Criança sem abrigo é violada e morre". As lágrimas escorreram, nervoso, levei o jornal e não paguei o café. A angústia era grande mas o sentimento e culpa superava-a. Chorava-a. Laguei tudo e fui a cemitério. A campa improvisada, com uma cruz de pau, não tinha flores. Era apenas um monte de terra, ladeado por palácios de mármore. Era ela, sempre discreta, sempre comigo, era a minha pequena amiga. Era ela... Chorei-a a manhã inteira e a tarde toda. Mas quando anoiteceu o coveiro levantou o meu corpo atónico e sacudindo-me a roupa disse: "Ninguém tão inocente deveria passar a derradeira fronteira". Eu concordei. "Certamente está num mundo melhor" murmurei. Ao chegar a casa senti raiva de mim, desta cidade, dos homens. Estava seco de lágrimas. Peguei então no jornal. Todos se desculpavam, moviam-se como palhaços num circo, passando a batata quente duns para os outros. Ninguém tinha culpa. A rapariga fora encontrada onde morava, numa pequena caixa de cartão junto ao castelo. No cobertor encontraram sangue dela, uma grande quantidade. A hemoragia foi causada pela pentração. O violador, esse anda fugido. Ninguém sabe ao certo que é, mas também ninguém quer saber. Ninguém quer justiça. No fundo todos estão contentes por serem menos interpelados na rua. Menos chatices, a miúda era até referenciada por uma série de assaltos. Parece que o povo já quase decidiu que não foi crime. O maldito fez o que devia, acabou com parte duma praga da sociedade: os mendigos ladrões. Estúpidos, como odeio a natureza humana. Como odeio esta gente mesquinha que não é capaz de estender a mão, não é capaz de se sujar para ajudar, não quer ser incomodada. Odeio-os, tal como me odeio a mim. Podia ter-lhe oferecido uma casa, mas ofereci-lhe uma boneca. Podia ter-lhe perguntado onde vivia mas não quis ser importunado com a resposta. E sim sou responsável tanto como o violador, ou a senhora da segurança social, ou o estado, ou o mundo, ou tu. Sim sou culpado porque podia ter feito algo para salvar realmente alguém. Podia ter dado vida e fiquei apático.
Agora continuarei a vê-la, visitá-la-ei todos os dias e pedirei para que ela me salve. Vou ter com ela à única casa decente que já teve.

sábado, 7 de abril de 2007

Pensamento do dia

Ergui as mãos ao céu e gritei paz. O silêncio tomara conta da paz tal como a solidão tomara conta de mim. Seria então estúpido gritar por paz mas seria ainda mais estúpido gritar para alguém, comemorar com alguém. Na dúvida e arrependido sentei-me novamente. Deu-me vontade de gozar esta paz e gozei-a, bradei aos céus o quanto a amei e celebrei-a com os meus irmãos. Mas tudo isto ocorreu em silêncio, sentado na poltrona de sempre. Deste modo não a perdi, mas também não a conquistei. Possibilitei aos outros um pouco de descanço e uma certa paz (pelo menos relativamente a mim). Assim também me perdi, acreditando que a ausência era paz, e a verdade é que nunca mais me encontrarei, nem sequer à "verdadeira" paz...

domingo, 25 de março de 2007

Honra

O teu toque desperta-me
E aconchega-me ao deitar.
Faz-me sofrer, faz-me rir.
Faz-me sobretudo calar.

E falo de ti só a mim
E os outros nada sabem
Porque és minha e rainha
Das alegrias que nascem.

De ti brotou o perdão,
Secreto no punho escondido,
Liberto-o abrindo a mão,
Matando o ódio temido.

E por ti as falhas se esbatem
No pano da salvação.
Por ti os justos crescem
No seio da podridão.

domingo, 18 de março de 2007

Crisalina Maria

Sonhava ser cantora. Cantava, saltava e desafinava montes fora. Tentava dançar, fazia coreografias com as árvores. Sonhava ser grande, mesmo grande. Esgotar coliseus e estádios era o seu futuro. Isso e morar num casarão numa cidade, em Beja ou Lisboa. Ia ser uma estrela como a Ágata ou a Ana Malhoa. Crescia feliz. Era de facto um prodígio, a pequena, a única da sua aldeia. Linda de morrer, dentes salteados, nariz abatatado e toda cagada. Um encanto e o orgulho dos pais. Era uma miúda da terceira classe com apenas 14 anos. Destacava-se na escola, era a maior, a mais feia, a mais burra. Era super-mais, mais tudo: mais pobre, mais ignorante, mais feliz. Os seus bons resultados na escola era conseguidos com pouco esforço pois tinha que perder o seu tempo a ensaiar arvores, arbustos e pedras enquanto guardava as cabras do pai. Lá em casa era tudo normal. O pai desdentado, com uma verruga de 4 cm pendurada do nariz dizia que a escola não servia para nada, a mãe gorda e porca acenava afirmativamente enquanto o jantar era cozinhado na lareira da cozinha. Da cozinha, da sala, dos quartos e da casa de banho. Morava num "Studio", sem paredes, toda a casa era a mesma divisão.
Crisalina Maria era o lindo nome da rapariga. Vivia no meio do mato a 10 quilómetros da escola. Ia de bicicleta para lá. Era de facto curioso verificar que tinha poucos amigos. Os miudinhos tinham medo duma mastronça de metro e meio, com cerca de 70 quilos e um cheiro a coisas podres a emanar-lhe da pele e da boca. Quando sorria mostrava a boca desdentada e assustava ainda mais os pequenos anjinhos.
Mas ia ser cantora, uma das grandes, uma popstar, um sex symbol. Estava pronta para vender cds, para encantar multidões, para ser feliz. E sonhava a Crisalina. E ai de que a trouxesse à realidade, ai de quem dissesse que nunca seria capaz... A pequena defendia o seu sonho com unhas e dentes, arrasando quem o tentasse destruir. E compreendia-se, era a única coisa que lhe trazia felicidade, era o pedaço positivo da sua vida, esse sonho...

terça-feira, 6 de março de 2007

tempo de férias

pausa... uma pausa na escrita... estamos fechados às canetas e aos papéis... é tempo de recuperar dos exames e VIVER!! de uma forma estranha... LOLOL voltamos em breve!!! Agradexemos desde já a vossa compreensão... mas é urgente VIVER!!

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Os Mateus

A porta entreaberta deixava entrar um pouco da luz da sala de estar. Os móveis ingleses, maciços, pesados e velhos suportavam todo o peso do conhecimento. Os livros encontravam-se religiosamente catalogados e ordenados, tudo feito com um rigor ancestral. O responsável por tal organização dormia agora na poltrona com o gato aos pés. Nos móveis jaziam obras raras, primeiras edições, prémios Nobel e escritores desconhecidos e desvanecidos pelo tempo. Posavam do alto dos móveis os mais variados livros de guerra, história, romance, policiais, geografia, aventuras, economia e política. As prateleiras cobriam todas as paredes da sala, exceptuando a da lareira. Essa parede era dividida pelo lume: dum lado encontrava-se a bebida, alcoólica e de preferência escocesa; do outro um velho relógio de pêndulo. De facto nada era novo naquela casa, nem mesmo o gato.
Na lareira onde outrora flamejaram belos troncos, pesados. Agora jazem apenas umas pobres brasas. A idade não favorece a qualidade de vida e se não fosse a manta ao colo do octogenário, este já teria partido para o outro mundo, pétreo. O gato aquece-lhe os tornozelos, uma vez que os pés isquémicos já nem sentem o calor. Os 15 anos do gato transformam-no no mais novo da casa. Se no entanto fosse feita uma relação entre a idade humana e do gato a pequena da casa seria a mulher-a-dias que 3 a 4 vezes por semana vai ver se está tudo bem, arruma e limpa. E essa já tem uns 50 anos. Chama-se Rajá, o gato. Apesar do nome não é persa, na verdade é um gato de rua. Pobrezinho é a única coisa em casa que não é de qualidade, não é de marca. Mas vai dando para o gasto, aquecendo o dono ou pura e simplesmente expulsando os ratos que tendem a aparecer no solar.
Vive sozinho o pobre velho, assombrando o solar, chutando o rabo ao gato quando a insanidade toma conta da sua cabeça, passeando pelos vastos corredores desertos e despejando o pó dos livros no chão. Um dia teve uma mulher, o nome dela era Catarina. Veio de Viseu só para ele, casamento arranjado pelos pais. Nunca se revoltara, nem ele nem ela. Foi sorte e houve amor entre eles. Tiveram um filho: o João, João Mateus. O pai chamava-lhe fadista, a mãe pequeno príncipe. Nenhum dos dois lhe adivinhou o futuro. Tentou ser engenheiro mas a guerra colonial chamou-o cedo demais e lá lhe ficou a vida. O corpo chegou todo furadinho, nem a cara se lhe conservou, e só o identificaram pelos dedos compridos e pelo anel brasonado. Amor de mãe é forte, a pobre senhora não se aguentou e após anos e anos de depressões, choros e mágoa, lá acabou por conseguir suicidar-se. Atirou-se do piso de cima, estatelando-se no chão e dando cabo da brilhante, e antes limpa, calçada portuguesa. O chão lá ficou com a marca dela, mesmo em frente à porta de casa. O velho foi-se abaixo e mesmo mandando arrancar o chão todo e colocar um novo, passou a usar apenas a porta das traseiras.
Apesar de tudo recusou-se a ir-se embora, quer do solar, quer desta vida. Resolveu viver, apesar de no fundo já estar morto. A princípio para lhe fazer companhia tinha uma sobrinha, filha do falecido irmão, Deus o tenha. Mas a pobre rapariga mudou-se há uns anos para Lisboa e agora apesar da boa vontade da moça só a vê de mês a mês. Mas tem o gato. Esse gato castanho, com manchas pretas a lembrar sujidade, lá se vai roçando no velho recordando-o do afecto perdido, adormecendo-o, acordando-o… Vive de afectos o pobre senhor. Alimento já gasta pouco, a empregada tem o visto desperdiçar tanta comida que cada vez faz menos. É uma tristeza vê-lo na sala de estar calado, ao topo duma mesa enorme, sozinho. O mundo abandonou-o. A verdade é que nem a morte o tem ajudado, ou já o teria poupado a todo este sofrimento.
São um casal estranho, o velho e o gato, mas são inseparáveis e ternos. É de facto delicioso ver o Sr. Mateus sentado na poltrona, acariciando com as mãos trémulas e fracas o gatão. Esse enorme monte de pelos cresceu sobre a asa da antiga monarquia e foi alimentado como tal. A relação destes dois é pura simbiose, não tenho qualquer dúvida que um sem o outro pereceria.
O dia dos dois alterna entre a manhã a cuidar dum pedaço de horta, a tarde a ler, e a noite a ver a novela. A horta, essa vai diminuindo de ano para ano acompanhando a evolução da senilidade. A hora de ir dormir vem também cada vez mais cedo, para agrado do gato bonacheirão. Essa é altura derradeira do dia. Rigorosamente o velho veste o pijama e enfia-se na cama. O gato salta e deita-se ao seu lado aconchegando-se ao seu magro corpo. Então enquanto dorme o bom Mateus entra pela porta onde entra todas as noites e nesse mundo mágico vê o filho sentado a ler na sua poltrona. A sua mulher está ao seu colo e três miúdos gritam “Avô!” quando o vêem chegar. A Catarina Mateus sorri, entrega-lhe um copo de whisky e todos juntos conversam toda a noite. Umas vezes ele conta uma história aos pequenos, seus herdeiros, outras o próprio filho ensina-lhe coisas do mundo das ciências. Brincam e riem e o gato faz-lhes companhia aconchegando-se a cada um de cada vez. O lume enche a casa de luz e as labaredas mais parecem fogo de artifício.
Todas as noites o bom velho vive… e é feliz.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Escolha

A noite estava gelada. O vento varria as folhas que, mesmo despedaçadas e espezinhadas no chão, sustiam ainda os seus passos pesados. Pesados pela culpa e pela vergonha. Nada na vida podia muda-lo tanto, nada na vida o tornara mais cobarde. Ele, só um estudante, enfrentava um dos maiores dilemas. Ela, só uma rapariga, estava grávida. Nem estrelas, nem discotecas, nem amigos podiam suster agora o lábio trémulo e as lágrimas que caíam, que se estatelavam no chão húmido. Dois meses separavam-no do derradeiro momento. Agora já nem andavam mal se falavam. Mas ele acreditou quando ela lhe disse, nem sequer pôs em causa a sua paternidade, nem disse nada. Calou-se. Ela falou pelos dois, chorou (mais do que ele), disparatou contra a sua apatia e jurou que iria abortar. Quem cala consente e ele consentiu. Acho que no meio de tudo ainda tentou esboçar uma palavra mas não conseguiu. Ela seguiu na neblina, ele ficou quieto por ainda mais dez minutos. Seria impossível enumerar tudo o que lhe passou pela cabeça mas acho que nesse momento pensou em tudo. Ou em nada. Encontrou-se vazio, impotente, sozinho... Estava ainda a meio dum curso de medicina. Vivia ainda a ridicularia da juventude e o prazer dos "flirts". Vivia debaixo da asa dos pais. Nunca pensou ter de lhes dar uma notícia tão trágica. "Talvez seja melhor não lhes dizer nada", pensou. De facto não fazia sentido. Afinal de contas dentro de uns dias tinha o problema resolvido. Ela própria tinha dado o corpo ao manifesto em prol da resolução do problema. Ele só tinha que esperar...
A angústia subia-lhe ainda pelo corpo e a trágica noticia não lhe dava descanso. Ele ainda caminhava, mas era como se estivesse parado. Tudo o que lhe passava pela cabeça abstraía-o do mundo, da vida. Por pouco não foi mesmo atropelado. Como? Porquê? Porquê ele? Porquê com ela? Porquê agora? As suas perguntas eram tão vagas e inúteis como as respostas que inventava. Sempre se achara superior a este tipo de problemas - "isso só acontece aos outros". Agora os problemas batiam-lhe à porta. Era sem dúvida hora de crescer de deixar de ser tão imaturo, tão infantil. Iria levar a vida a sério depois deste susto. Tinha que ter outro tipo de segurança...
Subitamente ergueu a cabeça, as suas ideias baralhadas tomaram um caminho oposto e ele seguiu direito até um miradouro. Subiu a grade, passou-a, e apoiado com os calcanhares e seguro pelas mãos gritou. Ninguém sabe bem o que disse... nem se disse alguma coisa. A sua mente estava demasiado confusa, nada nem ninguém a conseguia analisar senão ele... Nada nem ninguém sentia agora o que ele sentia. Por momentos o vulto escuro debruçou-se um pouco mais sobre o abismo, mas apenas uns centímetros. O suficiente para ver o fundo, o fundo do poço em que se encontrava. Quieto, respirava fundo, ruidosamente. Então rapidamente soltou uma mão, virou-se e saltou a grade apoiando-se em terra firme. Parou por momentos mas depressa tomou uma marcha apressada e decidida. Ia falar com ela. Ele queria aquele filho (era dele!). Ia pedir-lhe que não o matasse.


P.S. Este “post” não tem o objectivo de influenciar ninguém nem ofender ninguém pela a sua opinião. Apenas quis escrever algo e como este assunto é-nos todos os dias impingido pela comunicação social é impossível ficar-lhe indiferente. Peço desculpa mas era inevitável tomar uma posição.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

aquele momento.. o amor..

A noite estava fria.
Passava da meia-noite.
As ruas vazias de gente. Cheias de nevoeiro.
No céu a Lua Cheia iluminava e previa uma noite quente para os amantes.
Na sala ele acendia a lareira enquanto ela tomava banho.
O fogo começou a aquecer aquele espaço que iria testemunhar uma noite de amor e paixão.
Ele despe a camisa e senta-se no sofá.
Enquanto a espera vai observando os seus gostos. As cores, os quadros, o cheiro das velas.
Sente-se bem ali.
Subitamente ouve a porta da casa de banho abrir e o som de dois interruptores e conclui que vai ao quarto vestir uma lingerie especial para assinalar aquele momento.
A noite era especial porque ambos sabiam que seria a primeira de muitas. E a consolidação do amor que nasceu entre os dois.
De repente sente que ela se aproxima.
Entra na sala.
Ele ficou petrificado por verificar que na pele ela apenas trazia a vontade e o desejo de fazer amor.
Completamente nua aproxima-se e deita-se no chão.
Ele percebeu que ela aguardava que ele a explorasse. Estava a oferecer-lhe o corpo e a alma.
O corpo e o cabelo ainda molhados deixaram-no completamente doido de desejo.
Começa por observar a sua respiração acelerar enquanto viajava com as mãos no seu corpo.
A pele arrepiada e a cor dos seus lábios deixavam transparecer o prazer que ela estava a ter.
De repente ela levanta-se, despe-lhe a roupa e deita-o no chão. Anseia senti-lo.
Nada dizem enquanto fazem amor.
Olhos nos olhos vão transmitindo aquilo que desejam e sentem.
Ele estava deslumbrado com a imagem dela.
Tronco hirto, movimentos únicos e subtis.
A lareira por trás confiava-lhe uma aura de fogo nos cabelos molhados e no corpo suado.
Abraçaram-se com intensidade porque ambos descobriram que aquele momento tinha criado a coisa mais linda e maravilhosa do mundo.
O Amor.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O Assassino

A chuva suicidava-se contra o chão. A terra, já espancada, saturada, expulsava água do solo formando largas poças. Ao caminhar, o vento de Inverno contra a roupa molhada enregelava-o. Mas lá segui e naquele momento a única coisa que lhe custavam eram as palavras dela, as quais continuava a remoer. Foram duras, como foram duras e embaraçosas. “Não, não te amo!”
Agora chorava, deviou-se do caminho principal por um pequeno trilho, tentou esconder-se. Não queria que ninguém andasse à sua procura, não queria encontrar ninguém. Mas já alguém devia estar a procurá-lo, algures. Todos tinham visto quão transtornado tinha saído da festa. Foi um escândalo e peras.
Sem dúvida que alguém andaria à sua procura, tentando evitar que se suicidasse. A ideia havia-lhe de facto passado pela cabeça: “ E seu eu me matasse? Ia faze-la odiar-se para sempre, isto se ela tivesse o mínimo de coração. Sinceramente não acho que tenha. Então que morra ela. Vou esganá-la, à cabra. Mato-a mesmo desta vez. À facada, à bala, esgano-a." Todos estes pensamentos lhe pareceram demasiados violentos. Então escolheu o veneno. Letal, silencioso e frio, cheio de magoa e rancor, de extremo desespero e de humilhação. Seria a arma perfeita. “Será melhor…” Era de facto mais cómodo.
Deitado na cama, mentalizando-se para a acção necessária, recordou tudo naquela noite. Lembrou-se das ofensas e do gozo. Como fora humilhado, quando ela no meio da festa, no meio dos seus amigos, havia apresentado o namorado novo: “Este é o Ricardo”. Tinham acabado há dois dias, por vontade dela. Na cama fria e negra remexia-se imaginando há quanto tempo estaria a ser enganado, rindo-se previamente da sorte dela… Mas as lágrimas escorriam-lhe. Então mandou-lhe a sms fatal:
"Ola. Olha td o k s paxou hj
foi mt duro pra mim. N keres
paxar ka por kasa pa termx
1 conversa. Cm amigs... bj"
A resposta não tardou em chegar
"Oi. dsc axo k fui mt bruta ctg hj
dsc. sim, gxtav mt. apareço ai as 9.
bjinhux"
A sua resposta fisiológica foi aumentar o volume de lágrimas e a preparação psicológica. Pensou em todos os detalhes um por um. O veneno comprá-lo-ia longe de casa, para não levantar suspeitas... A bebida favorita dela era café, não ia ser difícil disfarçar a cor. O sabor também é intenso e ainda por cima leva açúcar. Nada podia ser mais fácil. "Já que te perdi, ao menos perco-te de vez. Deixa lá, vemo-nos no inferno." Os seus pensamentos ecoaram pelo quarto num tom alto demais. Mas era tarde, ninguém poderia ter ouvido. Ele próprio tremeu ao ouvir a sua voz fria, mórbida, mas por momentos também sentiu um prazer demoníaco.
9 horas da noite. Ela, pontual como sempre, tocou à campainha. Ele abriu a porta e convidou a entrar. Os olhos dela estão lavados por lágrimas. Os dele estão secos, de vez. Convidou-a a entrar, o café estava já na cozinha, quentinho. Convidou-a a sentar-se no sofá onde tantas vezes fizeram amor e num pulo foi à cozinha. O veneno, colocou-o meticulosamente no copo da asa rosa. Compraram juntos estes copos, o dele negro, com a asa azul, o dela branco com asa rosa. A distribuição dos copos é infalível. Agora não havia como voltar atrás.
Na sala ela ainda chora, ele ao entra vê através do espelho o seu lindo rosto vermelho. Aproximou-se por trás do sofá e sentou-se à direita dela. As lágrimas não paravam de correr então fingindo pena ele disse:
"Não chores, eu estou bem. Tu estás bem pior do que eu. Olha para ti, a chorar..."
A calma fria do assassino possui-o. O gostinho amargo do cinismo seduziu-o e então carinhosamente entregou-lhe a chávena.
- Sabes, eu deixei-te pelo Ricardo. Mas ainda gosto muito de ti. Mas o nosso amor foi-se... – ainda nem tinha tocado no café – Eu não queria que isto acabasse assim... – “bebe, por favor, bebe” – Eu não te traí, mas não podia deixar para outra altura. Ele insistiu muito para ir, para conhecer os meus amigos. Eu fui estúpida e acedi. Mas tu estavas lá e claro que ficaste magoado. Disseste coisas e eu disse coisas. Eu sei que ambos estamos arrependidos. Mas ainda me sinto culpada.
Ele calmamente provou o café, e prendendo com dificuldade uma lágrima no canto do olho disse:
- Está uma porcaria este café, dá-me a tua chávena que eu tiro outro num instante.
A chávena foi-lhe imediatamente entregue. As suas mãos tremiam, todo ele tremia. Encaminhou-se devagar para a cozinha mas ele queria ter corrido. Então, pousou as chávenas e pegou num guardanapo. Escreveu e de um trago bebeu o café da chávena rosa. A paz tomou dele. O silêncio tomou conta da casa.
Cinco minutos depois ela encontrou-o na cozinha, frio e tenso, como o chão onde se encontrava caído. Pobre rapariga, cheia de medo soltou um grito mudo. Saiu a correr, chorando e berrando, a pedir ajuda.
Em cima da bancada, no guardanapo abandonado jaziam apenas três palavras: "Ainda te amo"

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Novo dia

Saí de casa. a minha rotina pela manhã passa pelo café mesmo em baixo de minha casa.. gosto de me sentar na mesinha do canto, onde a luz do sol toca e reflecte os pequenos brilhos do novo dia.. folheio o jornal enquanto aguardo pelo café.. o café é todos os dias amargo (n lhe deito açucar, para o sabor permanecer mais tempo), mas hoje estava especialmente doce, parecia açúcar, algodão doce, chocolate.. parecia tudo menos café.. soube-me bem.. demorei mais tempo a termina-lo para poder saborear aqueles sabores, estranhos.deixei-me ficar ali sentada mais um tempo.. tinha de estudar, é certo, mas aquele momento estava a ser insuportavelmente bom.. um momento para mim, onde os barulhos não incomodavam, onde as pessoas pareciam não estar, onde aquele ambiente se transforma em nada.. eu! eu estava só e era assim que me estava a gostar de sentir..
eu! eu que temo a solidão mais que a própria morte.. eu que me assusto quando a noite cai, e me escondo quando o dia está pra nascer.. hoje não.. estava com uma enorme alegria por ter acordado.. não tinha medo e sentia-me estupidamente segura..
"tenho de estudar!" foi o pensamento que de rompante me roubou aquele pequeno prazer.. levantei-me e fui até ao balcão pagar o café..e saiu-me "Um óptimo dia Paula" (é o nome da senhora que nestes últimos dias me tem visto a entrar no café, com um ar de felicidade que se contrapunha com um de tristeza no meu olhar).. ela apenas retorquiu "que seja mais um de muitos".. subi as escadas até ao 2º piso.. não eram muitos degraus, mas pareceram-me as monumentais.. os meus pensamentos tinham ficado retidos naquelas palavras e o medo.. ai o medo.. paralisou-me as pernas, as mão, o coração... sentei-me.. ainda estava no 1ºpiso..
acho que fiquei alguns minutos ali sentada, acho que passaram algumas pessoas por mim.."Bom dia" "está tudo bem ctg?".. acho que não respondi.. só queria ficar ali.. parar tudo naquele momento para não ter que sentir medo...

não sei memso quanto tempo ali fiquei.. levantei-me! finalmente tinha consciencia que o medo não me conduz mas tem de me dar força para esperar a noite que mais logo vai surgir e pela manhã que nascerá de seguida... vou! caminhando já sem medo porque hoje é um novo dia!

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Hoje

Hoje, não quero saber da chuva,
ou do vento que suspira, que sussurra,
que assobia. Não. Que empurra!
Hoje não quero saber da estrada.
Sabes, hoje já soube o que queria,
já não quero saber mais nada.

É de noite e quero gritar,
de dia irei sussurrar.
Digo hoje de voz calada
que te amo, que te amarei.
Não quero já saber do chão que pisei,
agora voo para o nada.

Hoje corro, faço brisa
contra o vento forte e feio.
Perco lágrimas e sorrisos.
Por ti, por quem sonho, grito!
Sofro, sangro e morro...
e chuto ladrilhos ao bico...

E hoje à noite sonho-te à janela:
Vejo-to linda, debruçada.
Sorriso suspenso, olhos calados
e uma expressão calma e sã.
E os teus cabelos livres, negros, molhados
pela chuva que cairá amanhã.

..orquideas..


o toque das pétalas de uma orquídea, é quase tão mágico como o da pele de alguém.. nunca senti o toque da tua, talvez nunca o sinta, mas quando passares por uma orquidea, rouba-lhe uma pétala e encosta-a suavemente ao teu rosto.. sentes assim o toque do meu rosto junto ao teu..
murmurava-te se pudesse estes segredos que guardo bem cá dentro, falava-te das tontices que te fazem rir, das tontices que me deixam tonta sempre que penso em ti tontinhuh..
vais pra longe, agora não são só os longos kms k nos separam, mas é também o mar, a água..
mas a distancia não leva os afectos, o carinho, o respeito, a admiração que sinto por ti.. e o que era incompreensivel ate hoje, agora torna-se claro, branco, puro e transparente, como a beleza de uma orquídea.. EGMDTT

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Três pontos(...)


Tudo está latente... vinculado,
num passado que alfineta o momento.
Pois ainda está presente. Não passou.
Vive na memória... na exactidão... na dor.
A irreflexão desbota o discernimento...
e, pode até dissolver as tristezas de um sonho,
mas, nunca poderá convencer,
que o ontem foi um engano...
e que o amanhã nos encontrará.
Foge a esperança!
A felicidade não será mais permitida.
Ousei sonhar o que fosse necessário,
para ver o mundo mais de perto...
antes que todos os sonhos partissem.
Por isso, agora em versos, registo:
“ainda vou voltar a ser feliz”...
Pois os meus poemas não são mudos...
e neles, posso até fabricar sonhos...
com os retalhos que ainda restaram
dos moldes da minha imaginação.
Aprendi que nos sonhos tudo acontece.
Até a vida permanece!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

... que faço??...


vazio.. o que sinto e não consigo preencher.. estou confusa! a dor de cabeça palpita e deixa-me cada vez mais apática. sinto-me num mundo aparte, como se a minha alma sobrevoasse o mundo e alcançasse as estrelas.. sinto-me impotente por não te conseguir ajudar, e isso nunca me aconteceu.
A minha alegria depende dos risos e sorrisos que sinto, que oiço, que vejo.. sinto-me vazia porque não sinto o teu, não o vejo, não o ouço..
grito! tão alto que ensurdece o meu coração.. ele não pára.. bate arritmico, descansa.. sinto-o a querer sair do meu corpo..
Páro, agora, finalmente..1 segundo de paz.. e recomeça o turbilhão de sensações que me deixam incapaz de pensar.. que faço? que digo? que penso? Nada.. há quanto tempo que não sentia o quão profunda é esta palavra: NADA: Nunca, Amor, Dor, Amizade.. não vivem nem sobrevivem, não substistem isoladas.. não é possivel.. alimentam-nos, quer pelos sorrisos quer pelas lágrimas que despoletam em nós..
agora sinto-me ainda mais confusa.. o conceito de Viver que demorei anos a construir desaparece-me por entre o meu olhar, pelas minhas certezas.. no intervalo de cada inspiração e expiração.. estou a ficar cada vez mais vazia: de sentimentos, palavras, verdades, lembranças.. ai as lembranças.. de quando era criança e achava que era uma princesa! acreditava mesmo nisso!! e estava a espera que o meu principe chegasse para me levar até ao mundo onde queria viver.. e ainda quero.. e ainda espero.. volto a realidade!!!! acorda! este não é o mundo em que vives..pois não? não..
volto-me para quem acredita que tudo muda.. e ligo á minha mãe..ouço a voz dela do outro lado, calma e serena, como sempre. não digo nada.. ela estranha "que tens filhota?" sempre me chamou de filhinha e hoje também nisto as coisas mudaram.. "nada"retorqui..fez-se silêncio. "sabes por muito que te sintas mal, pensa no quanto feliz já foste, pega nessas lembranças e agarra a força que elas te dão pra te permitires ser feliz agora"! "não tenho força, mãe!".. "então pensa nos outros, pensa no quanto precisam de ti.. eu o teu pai, os manos.."senti tristeza na voz dela.. não queria, não podia deixa-la preocupada..
mas ela tinha razão.. a minha Força está não só em mim, mas nos que me rodeiam... vou procurá-la!!!!

Tu!

Foi difícil adormecer hoje.. as voltas na cama, os pensamentos inquietantes, a tua imagem rodava e rodava na minha cabeça.. as tuas palavras eram como que sussurradas pelo vento que nem sequer entrava no meu quarto.. deu-me vontade de fugir para bem longe, e tentei.. saí, e fui vaguear pelas ruas desertas de pessoas.. estava perdida, desorientada pelo que sentia, pelo que queria. Andei, corri, a tentar fugir dos meus medos, e o meu medo afinal és tu e sou eu mesma! Como e porquê surgiste no meu caminho? Não consegui encontrar a resposta durante as longas horas que percorri nem sei bem por onde.. tentei achar a resposta na brisa que me tocava no rosto, mas ela negou-me o pedido.. olhei o céu.. não via estrelas, mas as nuvens ou o condensado de vapor de água (cm sempre me ensinaram) como que desenhou uma seta.. em direcção ao infinito.. de repente, pareceu-me o contorno do teu rosto a sorrir para mim.. “estou perdida!” foi uma certeza que assumi já sem medo. Voltei para trás.. compreendi que não seria assim que ia conseguir resolver as coisas..
Quando cheguei a casa, sentei-me no parapeito da janela do meu quarto, vazio.. vi o apagar e acender de pequenas luzes bem lá ao fundo.. pensei porque seria que aquelas pessoas estariam ainda acordadas.. eram 5 da manhã e ainda estavam acordadas tal como eu.. de repente imaginava-as a chorar, outras a sorrir pela felicidade de estarem perto de quem amam, outras a estudar (talvez), outras a recuperar o fôlego de uma noite inesquecível.. a minha também estava a ser.. estava à procura de respostas as perguntas para as quais sabia que não era possível responder… olhei para o dossier que estava pousado sobre a secretária (desarrumada, como nunca foi hábito, desarrumada como eu…), saltei do alto que me aconchegava a alma e sentei-me.. comecei a folhear as páginas, esperando que assim os meus pensamentos fossem desviados para a necessidade de estudar aquilo.. as lágrimas brotaram nos meus olhos, e sem evitar já as ouvia cair sobre as folhas rabiscadas com umas frases sem sentido.. enxuguei-as com as minhas mãos.. tremiam.. mas não estava frio. Tinha o aquecedor ligado bem perto de mim, o calor sentia-o.. respirei fundo! Ainda sinto a dor que senti com aquele suspiro.. tinha de dormir, o meu corpo começava a ceder ao cansaço.. deitei-me sobre a cama.. assim tal como estava.. não tinha força nem sequer para a desfazer.. peguei apenas no manto (laranja e verde) que estava sobre ela e cobri-me lentamente à tua espera ( sabia que não virias)..pousei finalmente a cabeça na almofada à qual tenho dormido agarrada nestas últimas noites…
O meu último pensamento foste tu!

domingo, 21 de janeiro de 2007

A minha escrita

Porque é que escrevo assim?
Bem, na verdade não sei. Tendo a ser descritivo, analítico, irónico...
Bem tudo isso tem a ver com o que eu aprendi a ler. É impossível admirar Hemingway e Imre Kertész e não lhes sorver um pouco da insensibilidade e espírito descritivo. Não é concebível pensar em descrever sentimentos. O mais importante é despertá-los. Temos que incentivar quem lê a pensar, a sentir. Mas tem que pensar e tem que sentir o que entende. Não podemos forçar ninguém. Os sentimentos são maravilhosos, mas são privados. Não posso dizer que tenho um aperto no coração e fazer alguém senti-lo. Posso, no entanto, produzir uma história que faça com que quem leia sinta algo parecido ao que eu senti ao pensar nela. Mas nunca será a mesma coisa, será sempre o sentimento de quem lê a prevalecer.
Penso que tenho uma escrita ligeira, fácil, mas isso deve-se à minha falta de paciência para escritas lentas, demasiado condensadas. Detesto confusões... Amigo Saramago, não consigo ler um livro teu. De Agustina Bessa Luís li "A Sibila". Foi muito giro mas jurei nunca mais.
É enorme o que se aprende a ler. É ainda maior o que se compreende quando a dificuldade em escrever chega. Essa sensação de impotência, de esvaziamento mental. É isso que estou a aprender. Estou também a aprender que não posso agradar a gregos e a troianos. Por isso procuro escrever como me dá prazer (obviamente que as críticas são bem vindas), com o mínimo de pressão possível.

Bem, eu também gosto de variar o tema. Por isso acho que brevemente vou por aqui uma história romântica ou uma carta de amor, algo menos objectivo. Já estive a pensar contar uma história de infância, mais ainda estou a juntar dados num papel. Os exames não me deixam tanto tempo como queria.
Bem, espero que nunca parem de ler, de escrever. Porque é que não escrevem algo (bem, estou a partir do princípio que alguém lê isto) e nos mostram? Qualquer ideia é bem vinda.


Abraços/Beijos

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Irra! E se não existissem peixeiras!

Ao olhar o céu, o jovem mago sentiu-se confuso e desiludido. Todo o firmamento brilhava. A luz encadeava-o quase tanto como as suas dúvidas. Por várias vezes havia contemplado o precipício em sua frente. Por várias vezes o tentara a ideia da morte.
Encontrava-se sozinho no mundo, sem família, amigos ou amor. Logo ele, que transformaria sem qualquer problema uma cepa morta numa árvore florida, uma pedra num rubi, uma espada numa pena, não sabia o que era ser amado.
Então dirigiu-se ao penhasco, queria falar com Deus. Infelizmente ele não estava em casa. As ondas informaram-no que tinha ido ao outro lado do mundo e pediram-lhe para esperar. Omnipresente, hem? E ele assentiu. Sentou-se e olhou o céu estrelado e por momentos sentiu-se em paz. Ele, um ser superior encontrava-se a lidar com um dilema psicológico. Idêntico ao de um simples carpinteiro ou pastor. Viu-se desolado pela sua mediocridade e pensou por várias vezes abandonar aquele lugar, ou pelo penhasco ou pelo fino trilho que o encaminhara até aquela extremidade do mundo. Durante toda a noite esperou, e questionou-se olhando o infinito azul mas, quando o sol nasceu, foi vencido pelo cansaço e adormeceu...
Acordou já ao por do sol. Deus já lá estava, tratando de assuntos pendentes com sardinhas e moluscos. Abanava os braços e condenava a burocracia. Dizia que já não se faziam anjos como antigamente e que se um gajo quer as coisas bem feitas tem que as fazer. É o fim do mundo!
- Daqui nada mudo-me pra Marte! Lá ao menos...
Parou. Apercebeu-se da presença do pequeno mago. Então, subiu ao penhasco flutuando apenas. Levava vestido um daqueles mantos renascentistas mas desta vez tinha a barba feita.
Sentou-se ao lado do jovem mago e nada disse. Nenhum deles disse nada. E fez-se noite...
Uma fogueira ardia ao lado dos dois, possivelmente foi Deus a acendeu, o rapaz estava atordoado. O Rei dos reis estava na sua frente, sentado, a observa-lo. Ele não merecia tal honra... Nunca! Como fora ousado em vir pedir ajuda ao Grande Mestre. Como ousara perturbar o Criador da terra e dos mares. E do universo! E no entanto lá estava Ele, mesmo sentado à sua frente. Inesperadamente Deus disse
- Sabias que vos criei a todos à minha imagem?
- Não...
- Não? Deixa lá, uns amigos do meu filho ainda hão-de escrever um livro a dizer isso. Bem... É verdade, tal como todas as estrelas do universo foram criadas à imagem do Sol, criei todos os homens à minha imagem. Agora olha para o céu. Consegues ver as constelações?
- Claro – parte de ser mago tem a ver com a astrologia.
- Bem, são famílias de estrelas. São grupos. Não importa quão brilhante é uma estrela, quero-a tanto como a menos brilhante. Tal como te quero como aos teus irmãos...
Então, o mago percebeu que afinal os maiores poderes que poderia ter não tinha. Que tudo o que tinha nunca o faria feliz. Aprendeu que era um simples mortal. Tinha de reaprender a viver.
Mudou de terra. Espalhou os ideais da igualdade e do amor. Considerava-se irmão do mundo. A sua mensagem perdurou tanto tempo que dizem que um dos descendentes dele tomou de assalto a Bastilha, o outro é o Bob Geldof. Logo casou-se. A mulher era uma peixeira de Cabul e acabou por o deixar por um trolha...

P.S. Peço descupa, isto é uma diarreia mental do pior mas é derivada do estudo (fica registado)

... anjinhuh ...

Este post é pra ti.. não sabia se o devia publicar, mas hoje, depois de tudo o que aconteceu, tenho de te provar que tudo que te digo é verdade.. tão verdade quanto eu estar a respirar e o meu coração a bater.. foste o anjo que me estendeu a mão quando estava a cair, e sem ti o hoje e o agora não fariam qualquer sentido.. temos de confiar um no outro, só assim vamos conseguir ultrapassar tudo isto que se está a criar à nossa volta.. estas intrigas, estes medos só vão fazer com que nos afastemos, e eu não quero isso pra mim.. já não sei mais que fazer.. também não posso expor aquilo que sinto, não seria justo, e por isso aquilo que quero que saibas e que todos saibam é que vou estar SEMPRE aqui para ti, para te apoiar, pra chorarmos e rirmos juntos.. isso ninguém vai poder nos negar.. conquistámos algo que ainda não sei definir, mas a sensação é tão boa que não estou disposta a perdê-la sem lutar.. gmdtt..
se a tua felicidade depender da minha amizade, eu ta entrego, porque ela é toda tua.. se a minah distancia te ajudar a fazer feliz, eu afasto-me.. só não te quero ver triste...
mostrei-te tudo aquilo que passei uma vida a esconder, eu sou assim e agora já não vou voltar atrás no que fui.. deste-me a liberdade de ser a miúda, a criança, a sensivel e romantica, a tontinha.. fizeste-me sorrir quando a minha vontade era chorar.. estás aí, e só isso me dá novo alento..


Carpe diem (sofia)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A Mercearia

Não falha é domingo. Ao olhar apercebo-me da parede vandalizada que sustém aquela varanda gradeada no primeiro andar. Os putos estragaram a pintura ao Machado! Qual Machado? O Machado da mercearia!
Do alto dos seus 67 ele lê um livro de capa verde. O livro aparenta ser tão velho como aquelas barbas enormes e brancas. Os seus olhos atentos percorrem as linhas com um rigor antigo, a arte da leitura. Analisa cada frase enquanto a lê, sorve qualquer significado, por mais escondido que se encontre. Para debater livros não há melhor. Seria um prazer ver o velho Machado dar conferências sobre literatura a professores universitário. Conhecimentos tem ele. O pior é a boca desdentada e as palavras que lhe saem da boca assim como são formadas no cérebro: brutas. Quem o vê, sentado numa cadeira de baloiço, lendo Eça, Vitor Hugo, Pearl Buck e o outro Machado (o de Assis) pensa que temos perante nós uma pessoa de elevada cultura. Nada mais enganoso.
O Machado só fez a 3ª classe, aprendeu a ler quase sozinho e nas contas nunca se engana, ou quando "acidentalmente" se engana fica sempre a ganhar. É um negociente à antiga, um trabalhador incansável. Sim é trabalhador, de modo que a mistura activa entre a transpiração, o perfume (que a esposa lhe ofereceu num Natal em que eu ainda nem existia), a falta de higiene e o bafo a vinho e bagaço é basicamente a imagem de marca do Machado. Ou será o cheiro?
- Ei pá! Cheiras mesmo a machado!
Brincadeiras de miúdos, inocentes. Nada a ver com aqueles que lhe pintaram a parede. Dum lado um gatafunho exibe "letras" rosas e azuis. Não obstante a foleirada, temos do outro lado a piece de resistance: os miúdos pintaram na parede um pénis gigante, mesmo ao lado da porta onde entra e sai todos os dias a Srª Adelaide Machado. Beata do pior. Apregoa a salvação aos pecadores, ofende namorados, fala mal de todas as vizinhas, conhecidas e amigas. Do marido nem se fala. Cada vez que sai à porta já o está a ofender. Depois vai à Igreja de S. Lourenço, rezar pela alma dos outros, pedindo paz no mundo e mais um perdão para os outros todos. Ela nem se confessa. Porquê? Ela não peca... Os outros sim deviam-se confessar mas não o fazem. Então ela, a boa samaritana, confessa-os a todos, pecado a pecado. Todos ouvidos na mercearia da concorrência, a da Dona Ulmerinda. Na do marido não põe os pés! Valha-nos isso, senão ia-se o sorriso ao velho. Sim, o sorriso, a alegria.
Apesar do cheiro a mercearia do Machado era concorrida. ele vendia conversa, boa disposição e até umas bejecas frescas e um bagacito. Às vezes também se acabava. Então religiosamente punha toda a gente na rua fechava a porta e ia à tasca mais próxima buscar um garrafão prá malta. Ou pra ele. Lá voltava ele sorridente, de copo meio vazio numa mão e de garrafão na outra. E lá se retomava a conversa. Era agradável passar ali uma tarde a falar de bola. Nós, putos do Desportivo, tínhamos sempre um rebuçado de borla. Os do Estrela eram corridos à pedrada, chamados de filhos de não sei quem e nunca mais lá voltavam. Devem ter sido eles que pintaram esta fachada.
E lá estava a tríade perfeita: velho, domingo e livro.
De dentro da casa a mulher gritava, gritava e gritava. Era um casamento à antiga, sustido pelo calor da discussão diária. Um casamento até que a morte nos separe, não como esses casais novos que se separam com meia dúzia de discussões, às vezes nem tanto.
Sinto saudades da velha mercearia. Ele reformou-se e nenhum dos filhos quis pegar naquilo: a miúda é cabeleireira na Rua do Comércio e o filho é engenheiro em Lisboa. O velho vive agora todos os dias como se fosse domingo, cultivando o que o Alzheimer vai apagando.

ai a melancolia...:(

Permite-te sorrir quando somente te apetece chorar;
Permite-te amar quando te é negado o direito de o fazer;
Permite-te correr quando já não tens forças;
Porque tu és mais forte que o mundo, e a natureza;
Tu tens a força do ar, do céu, do mar, do amor e da amizade.
Acredita que és capaz e luta,
Acredita que sairás vitorioso e não perderás,
Acredita no sonho e ele será realidade,
Acredita na felicidade e para sempre sorrirás.
E quando tudo parecer fugir de ti,
Basta sentires o bater do coração, o calor da respiração,
Sentirás que estás vivo e então viverás.
O mundo pode desabar à tua frente,
O mar pode recuar até ao infinito,
O sol pode-se esconder na noite,
Mas tu estás sempre aí, e nada mais importa...
Não tenhas medo do amanhã, porque ainda não é mais logo,
Não temas um não, porque também ouvirás um sim,
Não deixes de ser nunca TU mesmo, e serás sempre respeitado,
Nada te fará mais feliz do que a certeza que és fiel ao que acreditas,
Vive, ama, e faças o que fizeres, nunca serás magoado.



Que solidão é esta que me consome, que arrasa o meu ser. A escuridão do meu mundo, da minha mente incerta, em que nada encontro, onde nada vejo... Penso no passado... certos momentos que passei contigo, comigo com o mundo... Mas isso é só passado e nada posso fazer, luto agora pelo presente, este tempo que sinto passar por entre os dedos, como uma brisa, que tenta levar para longe as memórias, mas que não consegue, porque são essas recordações a única coisa que resta de ti,de mim, do mundo. Não quero deixar de te amar, de me amar, de amar o mundo, não preciso deixar de te amar(de me amar e de amar o mundo), já sei conviver com a dor... Perco varias lutas mas nunca desisto da grande batalha, tu (eu e o mundo)!!Enfraqueço mas renasço.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

A busca

É de noite e percorro o trilho. A pedra gélida e o vento impulsionam-me para a estreita passagem que conduz ao bosque. Ao longo do longo trilho há poças de lama formadas pela neve que acabou de derreter. As folhas colam ao chão. Pelo menos as primeiras. As outras ainda conseguem voar, ser varridas pelo vento árctico. Os pés gelados avançam ruidosamente pela lama. O som é detestável e o atrito enerva-me mas caminho. Já parei demais, não posso parar outra vez. Uma ou outra laje protege-me, isola-me do chão imundo. Já do vento dificilmente me livro, mas venço-o com esforço. Caminho lentamente.
Apesar de desaconselhável saí de casa em plena madrugada. O barulho do vento silenciou a minha fuga. É estúpido mas o meu único objectivo é ver o lago. É inverno e dizem que que a lua reflectida na água, numa noite de inverno rigoroso e rodeado pelo manto branco, é um espectáculo único. Em busca dessa beleza encaminho-me já entre as árvores. A neve não é muita, apenas um fino manto incompleto. Vejo-o através do pálido luar e da fraca luz da lanterna. A marca chinesa condiz com a excepcional qualidade desta relíquia da tecnologia da iluminação, mas confesso que à pressa não encontrei nada melhor. Enfim serve. Ao longe ouvem-se os mochos e um ou outro barulho desconhecido mas basicamente eu sou a chinfrineira da floresta. Espero que não haja lobos, ou raposas. Se houver hoje estou ameaçador. Estou vestido com umas botas de borracha, umas galochas, e umas calças de fato treino vestidas por cima do pijama. Para completar a obra de arte um kispo onde cabiam duas pessoas. Lindo...
Agora apresso o passo... Quero lá chegar depressa, embora esteja com medo de me perder...
Por momentos paro para descansar e recuperar. Não aguento o ritmo, o frio gela-me o sangue. Mas quero continuar, vou continuar! Quero só guardar energias para a volta... Só mais cinco minutos... Só...

Meu anjo da guarda

Coração pensativo, cabeça obstinada, doente, olhar insistente e compenetrado;Alma perfurada, sonhos sem corpo, pelo ardor do calor da minha ferida;Vida desacreditada, vida desencantada de desejos seleccionados e premeditados,Objectivos desmoronados, pelos percalços de uma vida magoada, sofrida e perdida.Conceitos de vida, com estratagema desenhado, encantado de harmonia e sonhado;Projectos com croquis elaborados, e com laços de amor branco e de verde esperançado;Sonhos em família, união enlaçada como num acto célebre, majestoso e matrimonial...Desencanto desfeito, feito em lágrimas humilhadas, escorregando pela face corporal.


Mas mais importante que a dor, e os medos, é a felicidade... mas como ser feliz? basta a sinceridade e a humildade?? Não...
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser.Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma e agradecer a cada manhã pelo milagre da vida.Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.É ter maturidade para admitir "eu errei". É ter ousadia para dizer "perdoa-me". É ter sensibilidade para expressar "eu preciso de ti". É ter capacidade de dizer "eu amo-te".Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para tu seres feliz... E, quando tu errares no caminho, recomeça tudo de novo, pois assim tu serás cada vez mais apaixonado pela vida.E descobrirás que... Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.Jamais desistas de ti mesmo! Jamais desistas das pessoas que amas. Jamais desistas de ser feliz, pois a vida é um espectáculo imperdível. E tu és um ser humano especial!



E este é para ti, tão longe de mim, mas tão perto... foi por ti que este medo nasceu, e vai ser por ti que me vou libertar dele.. aí onde quer que estejas.. protege-me..


Hoje eu sei
Quem foste na minha vida
Hoje eu sei
O que outrora não compreendia
Hoje eu seique tu eras a parte mais forte
Que me segurava quando eu caia.
Hoje eu sei
Que tu, o velador dos meus sonhos
O auxiliar da minha paz.
Sim, hoje eu sei
Que tu eras mais que as lágrimas no meu rosto
Eras meu mal e assim sendo me fazias um grande bem.
Só hoje eu sei
A falta que tu me fazes
Hoje eu entendo que foi pra me conquistar
Que tu aceitaste suportar todo aquele tormento
Que era viver comigo cada momento.
Hoje eu sei
És meu amigo!


carpe diem

O Padrinho

Corro desalmado pelo quintal de terra batida. Tenho os joelhos sujos de terra e do sangue de pequenas feridas, de quedas e tropeções, de brigas com o cão, com as pedras. As joelheiras valem-me, conservando as calças.
Está sol e os 8 anos aquecem-me neste dia primaveril maravilhoso. Ainda ouço o chilrear dos pássaros. O campo está florido e o antigo carvalho, já não contemporâneo, jaz onde nasceria a casa duma tia. Corro mais, ando de bicicleta. Mas desta nunca caí, nem a aprender... Tenho um terrível instinto de defesa: quando me desequilibro salto, logo imediatamente, largando a bicicleta pr'ás silvas e ficando intacto e limpo (ou quase!). É incrível como o céu está azul, acho que não consigo ver uma única nuvem branca. O azul é no entanto rasgado por jactos de avião, esquartejando-o...
-Bruno! Filho! Anda cá!
O chamamento maternal é sempre uma arma infalível, desperta-nos a genética, os instintos, a memória primitiva. Pode até ser ignorado mas nunca nos deixa indiferente, é a pura força da natureza. Acorro imediatamente saltitando.
As escadas subo-as a correr, como sempre, um degrau de cada vez. (A força valia-me apenas para isso, só consegui subir dois de cada vez uns anos depois. Já a descer saltava quatro e cinco, talvez até seis.)
A porta está encostada, transponho-a para entrar na sombra da fresca casa primaveril. Então com a minha mãe e o meu pai encaminho-me para o seu quarto. Sentamo-nos na dura cama de molas, dura como a madeira que a sustém. Ortopédica, diziam na altura em que a venderam... O anúncio é ainda mais duro e as frases são pesadas com grande rigor e cuidado. De repente, no suspiro final caiem as palavras que doem:
- O teu padrinho morreu...
O quê? Como? As lágrimas escorrem-me pela face... Nada mais consigo dizer... Mas sofro. E como sofro...
Fiquei ali, deitado no regaço da minha mãe. Ela carinhosamente foi-me passando a mão pelo cabelo e abraçou-me até que a noite nos deu o descanso merecido, nos secou as lágrimas. Ah, essas lágrimas, como sinto falta delas. Foram as últimas lágrimas sinceras, de amor e tristeza que soltei em toda a minha vida. A educação e a sociedade são duras demais para nos permitir, a nós homens, chorar.
Ainda me lembro que 3 dias antes, o vi pela última vez. A Sarel foi o local de encontro para um café. A minha mãe não pôde ir. Fui eu, com o meu pai. Lá estavam a minha madrinha e o meu padrinho (ai, como os amei e como os amo ainda). O estilo bem disposto que ele hasteia é preenchido pela fisionomia forte e cara dócil e de sorriso fácil (pelo menos para mim). Ele, que enquanto vivo considerei meu grande amigo, o melhor! Sim, porque pai é pai! Não é amigo, não entra nas mesmas contas. Falaram, não sei se me entretive a sorver-lhes as frases e ideias, se a brincar com qualquer porcaria. Lembro-me ainda do barulho... mas lembro-me ainda melhor da conversa que tivemos cá fora.
- Então rapaz! Vamos ver o Benfica! Anda comigo, eu vou amanhã.
- Não posso.
- Não pode. - retorquiu o meu pai
Da desculpa ou do motivo já não me recordo, sei que não fui. Vi-o entrar naquele ford branco, não me lembro do modelo, no meio do qual morreu. Dizem que foi um camião TIR que se despistou e lhe bateu pr'ós lados de Arraiolos, na antiga estrada nacional.
Durante muito tempo quis ter ido com ele, para que ninguém nos separasse, para evitar o que aconteceu. Hoje agradeço a sorte de estar vivo, de ter rejeitado o convite. Agradeço o facto de estar aqui e de te poder recordar. Por mim nunca serás esquecido.

Nesse ano, o meu padrinho não viu o Benfica campeão, mas em sua homenagem vesti várias vezes o equipamento que me deu. O cachecol ainda o uso, em ocasiões especiais.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Reflexos

Reflexos da alma, da vida, dos amigos, do pássaro que voa, da gota k cai, da lágrima, do sorriso, da vitória e da derrota.. são os reflexos k nos fazem sentir vivos, são o alimento que nos permite caminhar para o amanhã e n nos deixam eskecer o passado.. espero k com este blog possa mostrar o reflexo k tenho do mundo k m rodeia.. e possa libertar um pouco de mim..
hoje apetece-me falar da saudade.. é essa coisa eskisita k me consome os minutos, as horas e os dias.. saudade de ser eu, de ser kem acredito k sou, e nao akilo k me "pintam".. mas n m consigo libertar disto tudo, n consigo dizer basta.. sinto me a enfraquecer e essas saudades matam o k resta... tenho saudades.. de mim, de ti, do mar, dos dias de primavera, das flores, de mim, de ti, de nós a festejar a felicidade.. sinto saudades... saudade kererá dizer gosto de ti? será fazes-me falta? será fazes-m feliz??? então deixa-me gritar SAUDADE!! antes k este barulho ensurdecedor da minha alma se transforme em silêncio.. e abafe o k resta de mim... deixa me ir... deixa me voar!!!

carpe diem

domingo, 14 de janeiro de 2007

LOL

hoje n estou com muita paciência para escrever, amanhã tenho exame, e depois se quero começar isto bem, tenho de escrever algo novo, e não postar algo k já tenha escrito à muito tempo.. portanto, hoje o meu post, é so pra agradecer ao BM esta oportunidade, e dizer k nas brincadeiras da vida nascem grandes feitos... desculpa e vamos lá puxar pela nossa imaginação!!!

Carpe Diem