terça-feira, 16 de janeiro de 2007

A busca

É de noite e percorro o trilho. A pedra gélida e o vento impulsionam-me para a estreita passagem que conduz ao bosque. Ao longo do longo trilho há poças de lama formadas pela neve que acabou de derreter. As folhas colam ao chão. Pelo menos as primeiras. As outras ainda conseguem voar, ser varridas pelo vento árctico. Os pés gelados avançam ruidosamente pela lama. O som é detestável e o atrito enerva-me mas caminho. Já parei demais, não posso parar outra vez. Uma ou outra laje protege-me, isola-me do chão imundo. Já do vento dificilmente me livro, mas venço-o com esforço. Caminho lentamente.
Apesar de desaconselhável saí de casa em plena madrugada. O barulho do vento silenciou a minha fuga. É estúpido mas o meu único objectivo é ver o lago. É inverno e dizem que que a lua reflectida na água, numa noite de inverno rigoroso e rodeado pelo manto branco, é um espectáculo único. Em busca dessa beleza encaminho-me já entre as árvores. A neve não é muita, apenas um fino manto incompleto. Vejo-o através do pálido luar e da fraca luz da lanterna. A marca chinesa condiz com a excepcional qualidade desta relíquia da tecnologia da iluminação, mas confesso que à pressa não encontrei nada melhor. Enfim serve. Ao longe ouvem-se os mochos e um ou outro barulho desconhecido mas basicamente eu sou a chinfrineira da floresta. Espero que não haja lobos, ou raposas. Se houver hoje estou ameaçador. Estou vestido com umas botas de borracha, umas galochas, e umas calças de fato treino vestidas por cima do pijama. Para completar a obra de arte um kispo onde cabiam duas pessoas. Lindo...
Agora apresso o passo... Quero lá chegar depressa, embora esteja com medo de me perder...
Por momentos paro para descansar e recuperar. Não aguento o ritmo, o frio gela-me o sangue. Mas quero continuar, vou continuar! Quero só guardar energias para a volta... Só mais cinco minutos... Só...

1 comentário:

Anónimo disse...

muito lindo.. p variar... ja t disse k escreves bem?? deixas kualker um a pensar... beijo